O primeiro-ministro do Nepal, KP Sharma Oli, renunciou após indignação pública generalizada provocada pela morte de manifestantes anticorrupção em confrontos com a polícia na segunda-feira (8/9).
Ao todo trinta pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas em dois dias de confrontos no país asiático.
O gabinete informou que o primeiro-ministro deixou o cargo para abrir caminho para uma solução constitucional diante dos protestos em massa liderados por jovens, motivados por denúncias de corrupção e pela proibição de uso das redes sociais — que já foi revogada.
Os protestos se tornaram violentos quando milhares de pessoas, muitas delas se identificando como parte da geração Z (primeiros nativos digitais, nascidos entre 1995 e 2010), tomaram as ruas de Katmandu na segunda-feira.
A polícia usou gás lacrimogêneo, canhões de água e balas contra manifestantes que escalavam os muros do parlamento e outros prédios oficiais.
Proibição de redes sociais
As redes sociais são uma parte importante da vida no Nepal. O país tem uma das maiores taxas de uso per capita no sul da Ásia.
As manifestações foram desencadeadas após a decisão do governo, na semana passada, de proibir 26 plataformas de redes sociais — incluindo WhatsApp, Instagram e o Facebook.
O governo justificou a proibição como forma de enfrentar notícias falsas, discurso de ódio e fraudes online.
Críticos acusaram o governo de tentar sufocar uma campanha anticorrupção com a proibição, que foi revogada na noite de segunda-feira.
Embora a proibição tenha sido o catalisador da atual onda de protestos, os manifestantes também estão expressando uma insatisfação mais profunda com as autoridades do país.
O que está acontecendo no Nepal?
Os protestos ficaram violentos em Katmandu e outras cidades do Nepal.
Na segunda-feira, o ministro das Comunicações, Prithvi Subba, disse que a polícia teve que usar a força — incluindo canhões de água, cassetetes e balas de borracha.
Alguns manifestantes conseguiram ultrapassar o perímetro do prédio do parlamento em Katmandu, o que levou a polícia a impor um toque de recolher ao redor de edifícios governamentais importantes e a reforçar a segurança.
Vídeos postados nas redes sociais mostraram os danos na casa de KP Sharma Oli em Balakot, Baktapur.
Dentro do parlamento, centenas de manifestantes dançaram e gritaram palavras de ordem. Muitos carregavam bandeiras do Nepal, e todas as janelas foram quebradas.
Mensagens antigoverno foram pichadas na parte externa do edifício.
Muna Shreshta, 20 anos, estava entre a multidão do lado de fora do parlamento.
"A corrupção é um problema antigo", disse acrescentando que "já passou da hora da nossa nação, do nosso primeiro-ministro e qualquer pessoa no poder mudar, porque precisamos de mudança".
"Isso aconteceu agora e estamos mais do que felizes de testemunhar e lutar por isso. Espero que essa mudança traga algo positivo para nós."